quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Coisas Engraçadas de Não se Rir VIII: O Casamento Real", crônica de Raymundo Netto para O POVO


http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2011/05/04/noticiavidaeartejornal,2204827/coisas-engracadas-de-nao-se-rir-viii-o-casamento-real.shtml



Ora, bolas, “casamento real” mesmo é o nosso, o da plebe trópico-rude, esse mega-espetáculo meide in englande que dizem parecer com conto de fadas, de fato, não só parece como o é, ou seja, é um troço para inglês ver!

Durante a celebração do “casamento do ano” — há quem diga ter sido modesto — logo atrás dos nuventes Will & Kate, poderíamos encontrar os personagens remanescentes de um conto de fadas anterior, bem parecido, protagonizado por Charles, o príncipe de Galhas, ops, de Gales, e a Camilla Parker, a duquesa de Cornualla (nome sugestivo), também futura princesa consorte (ou “sensorte”, a saber), caso atípico de ex-amante bem-sucedida.

Substituindo o “viveram felizes para sempre” por um “era uma vez”, anos a fio, os escândalos de uma relação desastrada do casal Chas e Diana sustentaram os desbocados tablóides anglo-sexões que chegaram, inclusive, a publicar uma íntima conversa entre o príncipe-desta-vez-encantado com a amante, a deixar a sisuda sociedade mona-anarquizada de cabelos, ou demais partes do corpo, em pé, onde confessava ele que seria muita sorte se pudesse ser o “tampax” da amada, episódio denominado, naquele tempo, de “Camillagate”. Brasões à parte de suas altezas reais — porque minhas não o serão jamais —, o certo é que tudo terminaria mesmo em pizza, fosse na Itália ou no Brasil, mas sendo na Inglaterra, em torta!

A Lady Di, que sofria com o caso do “conto paralelo” e já apelidara a rival de “Rottweiler” — com injustiça a este —, trazia uma imagem de santa — após a sua morte foi comparada à Madre Teresa de Calcutá, com injustiça a esta — o que se confirmou porque morreu, virando eterna sombra a ameaçar até a polêmica sucessão do ex-marido, caçador de borboletas e de outras coisas que agora sabemos.

O herdeiro Will recebeu como prêmio pelo matrimônio os títulos de conde, barão e duque — enriquecendo o seu Lattes com suavidade —, concedidos pela rainha Elizabeth que não era apenas de um sorriso, mas de toda em amarelo. A jovem Kate usava uma tiarinha “Cartier”, apenas emprestada pela rainha, assim como o noivo pediu emprestado ao Dad, ao invés da monótona carruagem — não sei se por receio de ela virar jirimum — o carrinho para levar a então esposa à “Clarence House”.

Logicamente o casal, agora duque e duquesa de Cambridge, não poderiam deixar de mostrar ao mundo, após longo cortejo pelas ruas londrinas — afinal quem estava pagando a conta do “casamento - pão e circo” era o povo — a imagem dos acenos e do beijo azul na sacada do palácio de Buckinghan, ousando um segundo beijo, pois o primeiro é obrigação do protocolo.

Cumpria-se assim, num momento de crise econômica, déficit e cortes dos gastos públicos e redução recorde de emprego no país, a etiqueta esnobe de uma monarquia que também se ama, people, e carrega o peso do elitismo, do privilégio de um regime esquisito a ser modernizado.

Ah, e eu que seria para lá de feliz se tivesse ouvido mais os Beatles... Heeeelp!!!!

Raymundo Netto. Contato: raymundo.netto@uol.com.br


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