sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Airton Monte, Raymundo Netto, Paulo Elpídio e Lustosa", crônica de João Soares Neto para O ESTADO (1º de julho)

Airton Monte confessa ter amado mais o pai que a mãe. E explica: “Claro é para mim, mesmo carregando uma eterna e edipiana culpa, sou daqueles raros filhos que confessam, com certo pejo, haver amado muito mais o autor dos meus dias que a minha santa e doce genitora. Talvez pelo fato das abalizadas opiniões familiares, desde a minha avó até minha irmã mais nova, ser dotado pela herança genética de uma personalidade demasiado semelhante à do maior filósofo já produzido pelo lírico território do Benfica”.

Preocupe não, Airton, amor não se discute, se tem. Não foi de forma desinteressada que ele, seu pai, colocou em você o próprio nome. Ele sabia. Foi-se, mas o nome e a sua encarnação permanecem em você em seus queixumes, quase diários. Quando nos encontrarmos, amigo Airton, falaremos disso, sobre o Viana, o editor, o nosso comum Fortaleza e os estragos que o velho Freud fez na humanidade, tirando-a da ignorância do pecado original.

Raymundo Netto, escritor que deve acreditar em grafologia, pois assim se justificam o “y” e os dois “t”, abre o coração alegre para falar de família. E diz: “Casados há quatro anos, aguardávamos melhor momento para ter filhos – hoje, elas têm onze, e vejo, pelos critérios da época, tal momento ainda não chegou-, mas um dia, ao ser tangido pela sensação involuntária de que casamento sem filhos é dividir morada, decidi planejar a ‘gravidez familiar’. O estranho nisso? Não comentei tal plano com a futura gestante, certo de ela ser a maior interessada – até hoje não acredita em patavina da história que escrevo”. Pois eu acredito, amigo Raymundo Netto, e vou provar isso no nosso primeiro encontro.

Paulo Elpídio de Menezes Neto, cientista político, disse, anteontem em seu artigo/ensaio mensal que: “Mergulhamos, ao longo dos últimos meses, os primeiros de um novo governo gerado nas entranhas do poder e celebrado pelas multidões, uma seqüência de dúvidas e hesitações que bem demonstram quão árduas são as responsabilidades de governar. Os percalços da decisão multiplicam-se para quem governa, maiores, na justa medida do tamanho e da força da coorte dos aliados e das adesões que um governo majoritário atrai, por reconhecido merecimento ou singular conveniência”. Como se vê, a análise de Paulo Elpídio não é rasa, brilha pelo rastilho que vai deixando na sabedoria que forma os seus períodos. A você, Paulo Elpídio, o meu pedido público de desculpas por não ter comparecido – estava em Belo Horizonte – ao lançamento de seus dois novos livros, em que fala com propriedade e sem medo, sobre as universidades brasileiras, particularizando a UFC. Sem esquecer que você, gentilmente, mandou deixá-los em minha casa. Obrigado.

Por último, por ser o amigo mais antigo, o querido Lustosa da Costa — sobralense -fortalezense - brasiliense — denuncia: “Soube, vou me inteirar direitinho, que a Assembleia Distrital autorizou a seus integrantes continuarem com seus negócios com o governo do Distrito Federal. O deputado ganha o mandato e o direito de fazer bons negócios com a administração da Capital. E vai em frente no enriquecimento ilícito”. Lustosa reluz como em “Política, quase sempre”.

Como vocês acabaram de ler, este escrito foi realizado a cinco mãos, Airton Monte, Raymundo Netto, Paulo Elpídio de Menezes Neto, Lustosa da Costa e eu, que só tive o trabalho de citá-los. Palmas para eles.


(publicado no Jornal O Estado, sexta, 01 de julho de 2011)

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