domingo, 17 de julho de 2011

"Orgulho de ser Cearense", crônica de Carri Costa


EITA! Tive um sonho estranho, poeticamente estranho...


Nele, no Ceará todim, de cabo a rabo, todo mundo devorando as culturas, uma antropofagia alencarina. Como resultado se nascia em todas as casas uma cearensidade meio que pão, meio que padaria, meio que espiritual...


Nele, os macunaímas paridos se apropriavam da arte, de sua memória...


Era um orgulho forte feito baobá, doce como o chegadim, livre como Mororó, divertido feito Quintino...


Nele, avistava essa carrada de gente marchando, às margens de um Pajeú, por nossos contos, por nossas danças, por nossos cantos, por nossas cenas, por nossas ruas com cheiro de caju, com cor de oiti maduro, com gosto de história, forma de coração de castanholeira, uma reverência à ancestralidade viva, pulsante, nossa!


Nele, vi uma mulher que poderia ser Bárbara embainhando o arco de uma rabeca como se com ele criasse uma ética republicana.


Nele, vi um dragão arrastando do meio do mar, pelos bilros, uma rede esbranquiçada de sal banhando de encantamento à cidade da jandaia.


Nele, homens, mulheres, crianças, jovens e velhos caiavam as cumeeiras tentando ressuscitar seu tempo.


Acordei com minha avó estalando os bilros e revelando na renda, por entre espinhos do mandacaru, a forte sensação de saudade da história que não vivi.


Mãos à obra!




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