quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Coisas Engraçadas de Não se Rir: O Terrível Capitão América", de Raymundo Netto para O POVO (4.7)


Tenho muito desconfiança e receio dessa mania norte-americana, à vista grossa da cenográfica ONU, de “assumir as dores de todo o mundo”, feito um indesejado Super-Homem ou qualquer um desses heróis de meia-tigela que sobrevoam os céus de cuecas ao avesso (nunca entendi isso) e o imaginário desse povo ególatra, ruim de geografia, tarado por basquete e que enfeita tudo com gergelim, fritas e bacon.
Os Estados Unidos, num “american dream”, enriqueceram na base do comércio e fabricação de armas, ou de largos empréstimos para a sua compra, mantendo acesas as guerras e o terrorismo no mundo, cúmplice silencioso em discursos de “piece and love”,  fazendo o seu próprio terrorismo, o econômico-predatório, o que devasta — sem comida, sem água, sem recursos e sem jeito — os países que nem queremos saber que existem, pois são, em sua maioria, dominados por ditadores broncos, líderes fanáticos, habitados por gente pobre, “atrasada”, não-cristã e doente, repletos de pestes da moda (Aids/Sida, Ébola), ou mesmo as históricas, já extintas nos demais países, e outras novidades. Esses povos que, se escaparem de tudo isso, ainda lhes restará a fome, a sede, a violência, a humilhação, o desprezo, o estupro, enfim, uma série de mazelas que não nos dizem respeito porque somos “emergentes”, já fomos pobres, “zés cariocas”, hoje, não, somos abençoados por Deus e bonitos por natureza, exclusive os milhares de brasileiros que ainda não entenderam direito o tal “american way of life”.
São muitas as histórias de personagens americanos que, por não agradarem a inteligência pentagonal, acabaram “comendo capim” cedo, geralmente mortos por tiros de um doido que vinha passando na rua e blá-blá-blá. Mistérios indissolúveis do senhor Columbo, via “efibiai”, “siaiei” e “mibi” na série “Acredite se Puder”.
Não vou mentir. Senti-me enojado com o clima de celebração transmitido pela TV mundial, via Casa Branca, após o assassinato do Mister Bin. Triste o ufanismo daqueles a aguardar a desejada execução e a não surpreendente “vitória” americana — por conta disso, em único dia, o Obama aumentou em 9 pontos a sua expectativa de eleição, o dólar aumentou sua cotação e os índices da bolsa americana subiram.
E mais: mataram a cobra e não mostraram o pau. Cadê o homem? Jogaram no mar, enrolado em branco, respeitando-lhe os rituais da crença... Que comédia é essa?
Por isso lembrei também de quando eles mataram o Che Guevara, este que hoje enfeita as camisas dos revolucionários ou pseudo-revolucionários (pelo menos ajuda a ganhar a mulherada na faculdade). A comemoração foi daí para melhor, com direito a troféu e tudo (como aqui bem os imitaram com a exposição do Marighela). Não estou comparando o Che com o Osama. Aliás, este cabra santo não era — como não é o Obama nem o Lula —, mas não aceito que os Estados Unidos tomem nas mãos a soberania de países alheios, principalmente quando inventam motivos para destruir seus inimigos, às vezes, ex-aliados, às vezes, gente que sabe demais (ou de mais). Sempre tão culpados de tanta coisa, têm, a seu favor, o poder da imagem, o homem-aranha, os programas, os filmes, a Coca-Cola, o “Toy-Story” e, infelizmente, o “Dr. Jivago”, que é russo.
Quando os MacAmericanos, similares ao seu herói genocida Custer, invadiram o Iraque com a justificativa de acabar com as armas químicas, tipo assim, “Putz, foi mal, não encontramos, ó”, mesmo após tanta devastação, ainda fizeram desserviços à humanidade, como: saque de milhares de objetos do Museu do Iraque (dentre eles, dezenas de esculturas assírias em marfim); a destruição, por ação de bombas ou para serem transformados em heliportos e estacionamento de veículos militares, de sítios arqueológicos sumérios (povo que inventou a escrita em 3.000 a.C.); a perda do acervo de manuscritos sobre a civilização mesopotâmica, por incêndio da Biblioteca Nacional do Iraque no dia da conquista de Bagdá; danos ao Portão de Ishtar, a entrada principal da Babilônia, que resistiu à destruição pelos Persas no século VI a.C., mas que, ao povo norte-americano, se rendeu.
Cabe bem daí a nossa atenção. Pode ser que um dia eles cismem em nos tirar alguma coisa — nossos recursos naturais, por exemplo, que ninguém no mundo tem igual, mas que por aqui desperdiçamos — e, no afã de nos proteger de nós mesmos, será um salvem-se quem puder, “We are the World”, pois até parece que ninguém está conosco, se eles também não estiverem. The End.

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