sábado, 11 de abril de 2015

Sobre "Crônicas Absurdas de Segunda", por Raymundo Netto


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Ainda em fevereiro de 2007, a jornalista Camila Vieira assinou a matéria “Fio da Imaginação”, que apresentava os novos cronistas de segunda, convidados pela editora Regina Ribeiro para o caderno Vida & Arte do jornal O POVO: eu, Jorge Pieiro, Pedro Salgueiro e Fabiano dos Santos. Iniciava: “Aguçar o olhar e dar fio a imaginação. Eis os dois maiores exercícios de qualquer cronista que pretende flanar pela cidade, segundo o escritor cearense Raymundo Netto.”
Foi daí que na segunda-feira, 5 de março de 2007, despontava na página 6 do caderno “A moça do zepelim prateado”, minha primeira contribuição há oito anos passados e presentes. Nela, contei com Rachel de Queiroz, não a escritora em carne e osso, mas em bronze de estátua da praça dos Leões, a conversarmos em uma urbanita manhã de chuva sobre o exercício fabril e febril da crônica.
O texto fechava o caderno, última página, quando na primeira se clamava em letras garrafais: “Sim, nós amamos o Chico!”, anunciando a chicofilia e o show “Carioca”. Nas outras páginas, via-se dom Airton Monte, cronista heroico do periódico, discorrendo sobre uma revolucionária teoria de Alano Freitas sobre relações entre homens e mulheres, enquanto o José Simão, esculhambador geral da República, pingava o seu colírio alucinógeno sobre o papa. O caderno, além de falar ainda mais sobre o Chico, indicava a estreia da novela Paraíso Tropical, e, no meio desse Paraíso, debulhava conflitos no Centro Cultural Dragão do Mar e o almejado retorno das aulas da Escola de Audiovisual da Prefeitura de Fortaleza.
Durante anos, acompanhei jornais e noticiários, perambulava pela cidade e lia autores cearenses, enquanto conhecia outros, já que apenas recentemente (em 2005, quando publiquei “Um Conto no Passado: cadeiras na calçada”, meu primeiro livro) me havia sido apresentado de perto o cenário literário local.
Estava entusiasmado com o movimento das coisas, com os inúmeros lançamentos que participei, o novo círculo de amizades, a publicação de revistas literárias, as conversas interessantes em bares, praças e sebos, as promessas do porvir, a experimentação de outros gêneros, a militância de empolgação quase estudantil.
Nesse meio tempo, nas crônicas de segunda, eu me permitia encontrar com esses autores que lia. Alguns estavam mortos, é verdade, mas não menos vivos que os demais. E esses encontros me eram tão sinceros, a proporcionar um aprendizado incomum. Na cabeça doente de escrevinhador, não havia dúvida da realidade de tais encontros. Estive mesmo com eles! Após a publicação de cada uma dessas crônicas, não me sentia mais o mesmo. Era fabuloso andar de ônibus com o rabugento Alencar falando mal de crônicas ou da estátua de Iracema na lagoa de Messejana; assistir à luta do poeta José Alcides Pinto com um dragão que veio de Sobral para destruir Fortaleza; conhecer a casa de Milton Dias após receber dele uma carta; acompanhar um enterro ao lado de um inconveniente Quintino Cunha; discutir sobre o exercício do direito com Clóvis Beviláqua; papear com Airton Monte em corpo de barata; encontrar-me num milharal de papel crepom com um espantalho que era a cara do Francisco Carvalho; ao lado de Lustosa da Costa acolher um transloucado e saudoso major Facundo quando ele decidiu sair de sua sepultura; conhecer, por meio do Audifax Rios e Ciro Colares, a Academia do Beco; tomar café com o Zé Pereira da Luz em meio a nuvens do céu; reunir-me com a Ana Miranda e seus amigos no fundo da sopeira da sua avó, entre outros tantos e tantos momentos, aparentemente absurdos, inesquecíveis.
São esses encontros que insuflam as “Crônicas Absurdas de Segunda”, uma declaração desajeitada e coletiva de amor à república do nosso Ceará-Moleque: Fortaleza!

Serviço
Crônicas Absurdas de Segunda
lustrações de Capa e Miolo: Valber Benevides
Ilustrações originais das edições em jornais: Carlus Campos e Guabiras
Apresentação e Introdução do livro (respectivamente): Ana Miranda e Sânzio de Azevedo
Posfácio: Pedro Salgueiro
Apresentação do autor (lançamento): Fabiano dos Santos, secretário adjunto da Cultura do Estado do Ceará.
Data e horário: 11 de abril (sábado), a partir das 17 horas.
Local: Espaço O POVO de Cultura & Arte (av. Aguanambi, 282 - anexo ao jornal O POVO) - estacionamento gratuito ao lado do jornal.
Preço especial de Lançamento: R$ 30,00
E, em seguida, às 19h, show com a cantora Teti.

EM BREVE, após a semana de lançamento, na Livraria Virtual da FDR: www.livraria.fdr.com.br

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