domingo, 10 de maio de 2015

ÚLTIMOS DIAS: Exposição "A Poética Plástica em BC Neto: Pacifistas & Guerreiros" (22.5)


Camponês

Um grito surge nos limites dos campos
e é de ti que brotam os frutos...

das enxadas velhas
cravadas numa terra cansada
à espera do teu cansaço

procuram entre portas
o sonhar do povo,
o grito calado
que a terra emana
na divisão do pão

tuas mãos sangram os campos
e é de ti que brotam os frutos

BC Neto

Exposição Pacifistas & Guerreiros: a poética plástica em BC Neto (GRATUITA)
Data: até o dia 22 de maio, das 8 às 17 horas
Local: Centro Cultural do Parlamento Cearense (edifício anexo à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará – rua Barbosa de Freitas, s/n, esquina com a av. Pontes Vieira)
Público-alvo: artistas visuais e literários, pesquisadores de artes e cultura, alunos das escolas públicas e privadas, militantes, arte-educadores e interessados em geral
Informações: (85) 3277-2500

Sobre a Exposição:
AUDIFAX RIOS, numa última ação como “curador-abraçante”, assim apresenta em sua “A Procissão dos Lutadores” a Exposição Pacifistas & Guerreiros: a poética plástica em BC Neto, em cartaz no Centro Cultural do Parlamento Cearense (edifício anexo à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará – rua Barbosa de Freitas, s/n, esquina com a av. Pontes Vieira):
“O incansável BC Neto está de volta, berrando mais alto ainda. Em formas e cores; trocou letras por tintas e invoca pacíficos guerreiros para sua missão: a reconstrução do mundo, a transformação social a partir do homem. Nesta etapa da batalha leva, como escudos, imagens consagradas. São estandartes de campanha onde ressaltam as figuras de Cristo e Conselheiro; Ghandi e Guevara; Martí e Mandela. Gloriosos vultos eleitos pela história e trabalhadores anônimos esquecidos na memória dos homens. Madre Teresa, Beato Lourenço, Francisco de Assis, Marighella, Chico Xavier, Dom Helder, Tiradentes, John Lennon... e o lábaro mais drapejante, talhado com pinceladas mais consistentes, ele próprio, Cândido Bezerra da Costa Neto [o BC], alvoroçado e eterno guerrilheiro do saber.”
A Exposição, cuja curadoria é do artista visual Carlos Macedo, apoiada pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, já esteve presente no Centro Cultural de Horizonte, Centro Cultural Dorian Sampaio (Maracanaú) e no Instituto Federal do Ceará (Campus Cedro) e, desde 16 de abril, está aberta ao público no CCPC, encerrando-se em 22 de maio.
BC Neto conta que a ideia da exposição surgiu da provocação de amigos artistas visuais, como Descartes Gadelha, Audifax Rios e Carlos Macedo: “O trabalho na universidade, na educação superior, na educação popular passou a me consumir e me tornei menos presente nas artes visuais e nos movimentos culturais”, relatou em entrevista, recordando de movimentos que se tornariam históricos no Ceará e que contaram com a sua participação. Entre eles, o Massafeira Livre, e a criação dos grupos Siriará e Nação Cariri.
A Exposição é um cenário da vida e obra do poeta, pintor, educador e militante político e cultural BC Neto, por meio de telas, livros, poemas, apresentações, banners ilustrados e outras curiosidades, umas bem inusitadas.
Aliás, o visitante também poderá contemplar quadros com as ilustrações originais de seus livros, de autoria de grandes artistas como Audifax Rios, Itamar do Mar, Luiz Karimai e Tarcísio Garcia.
Estive lá e achei tudo muito interessante e enriquecedor. Recomendo!

Sobre o poeta, pintor e educador BC Neto:
Nascido no Cedro, Ceará, em 18 de janeiro de 1952, Cândido B.C. Neto, desde menino gostava de desenhar e curtir as cores. Com o tempo, foi aos poucos se envolvendo com a arte, recebendo o apoio de Eusélio Oliveira e José Julião.
Iniciou sua vida como educador nas comunidades de base, expandindo seu trabalho em vários estados brasileiros e no exterior, alcançando inclusive a África (Cabo Verde) e Cuba.
Coordenou e participou de quase todos os programas de educação de jovens e adultos nas últimas décadas, sendo para ele outorgada a Medalha Paulo Freire (2003), honraria conferida a personalidades e entidades que se destacaram nos esforços da universalização da alfabetização e educação de jovens e adultos no país.
É membro fundador do Clube dos Poetas Cearenses (1970), foi redator de artes do jornal Tribuna do Ceará (1973/75), coordenador de várias edições do Festival Nordestino de Cantadores de Viola (Cedro), da I Semana de Artes e Humanidades da Uece, de Ação Cultural na Secult (2008) e curador do Encontro Mestres do Mundo (MinC/Secult – 2009/10). É membro do Clube do Bode (desde 2005) e conselheiro do Almanaque De Um Tudo (com editoria de Audifax Rios, até 2015). No Crato, passou a integrar o Grupo Artístico Por Exemplo, liderado por A. Rosemberg, e do qual também faziam parte Stênio Diniz, Walderedo Gonçalves e Jackson Bantim. É um dos fundadores do Grupo Artístico Pretensão (GAP). Também teve incursão pela arte da escultura. Dentre seus trabalhos, “O Anjo”, talhado em mármore.
Participou de diversas mostras e exposições coletivas e individuais, dentre elas: III Exposição Universitária de Artes (1973), Expô da AAEE/74, XXIV Salão de Abril (1974), XXVI Salão de Abril (1976), Unifor Plástica (1974), Salão de Outubro (1975/Crato), Exposição GAP/BNB Clube (1975), Feira Livre de Artes da UFC, Exposição de Cartões de Natal do BNB Clube (1975), Salão de Artes Plásticas IOCE (1978), Mostra 10 + 10 (1978/Ideal Clube, ao lado de Tarcísio Garcia), Artes ao Sol de Outubro (1983/Crato), Cacimbas de Areia: pinturas do BC Neto (1994/ Náutico Atlético Cearense).
É autor de A Voz do Silêncio (poesias/1971), Resultado Final (poesias/1981), Via Sacra Camponesa (1998), Berrem Alto que o Curral é Grande (2002/ reunião das produções de BC, poemas, ensaios e fortuna crítica), Versos da Caminhada Cotidiana (poesias), Sociologia, Educação e Sociologia da Educação (2004/ganhador do Prêmio da Academia de Ciências de Cuba), Educação Popular de Jovens e Adultos: o Brasil no contexto mundial (2008) e também José Martí: cultivar os sentimentos, bilíngue, este em coautoria com Justo Pereda Rodriguez e Lidia Esther Orraca Ortega, e cuja a coordenação editorial coube a mim (embora o BC tenha esquecido de mencionar em seu banner, mas eu, na humildade de um capitão do mato, o perdoo apenas pelo seu talento e pela amizade), as ilustrações ao Audifax Rios e a diagramação João Rios.
É professor de Filosofia da Educação, Metodologia do Trabalho Científico e Educação Popular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), onde também atuou como Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Estudantis. É especialista em Metodologia do Ensino Superior, mestre em Gestão Pública pela Universidade Internacional de Lisboa, Universidade Federal de Pernambuco/Universidade Vale do Acaraú. Atuou em diversos comissões e conselhos, entre os quais o Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza, Conselho Diretor da Funece, Comissão de Artes e Humanidades da Uece (1993/94) e Associação Cearense de Escritores.

BC Neto pelos outros:
Diz o contemporâneo Rosemberg Cariri:
“Depois que ele se formou, se fez professor e poeta, participou de movimentos artísticos, escreveu páginas memoráveis nas noites da boemia provinciana, revoltou-se nas passeatas, agitou-se na filosofia, fez exposição das suas pinturas, publicou livros e varou sertões semeando escolas.”

José Alcides Pinto, que o considerava um “poeta da participação social”, diz: “
“[BC Neto] exercita-se no linguajar coloquial desse povo popular (o nordestino), vivendo de seu osso, de seu corpo cansado e desnutrido, denunciando a injustiça dos coronéis rurais/latifundiários e a indiferença das autoridades (anticonstitucionais?) constituídas. Estas são, realmente, insensíveis às aspirações do povo e sua miséria. E isso gera no poeta uma revolta que está presente em seus versos.”

BC Neto encontrou acolhida no coração do então amigo pessoal Patativa do Assaré. Fez a apresentação de três de suas obras: Aqui tem Coisa, Inspiração Nordestina, Ispinho e Fulô e com ele realizou o show “Por Amor ao Chão”, no teatro municipal de Icó. Patativa também lhe dedicou versos, dentre eles:
I
Sei que não tenho sabença
Sou um pobre nafabeto
Mas vou referença
Sobre você, BC Neto,
Proque seus verso moderno
No meu coração fraterno
Senti de leve tocá,
Pois você canta a cidade
Mas também diz a verdade
Das nossas coisas de cá.
II
Imbora seja polida
Sua bonita linguage
A mesma retrata a vida
De nossa gente servage
No meu verso eu tou notando
Que você tá me ajudando.
Obrigado, meu amigo,
Pelo trabaio distinto
Sentindo aquilo que eu sinto
Dizendo aquilo que eu digo.
VI
Canta, amigo, a nossa gente
Do nosso meio rurá,
Meio munto deferente
Do meio da capitá.
Imensa alegria tive
Lendo seu verso sensive
Cantando a vida sem vida
Deste povo abandonado
Que veve e morre apoiado
Numa esperança perdida.

Carlos Augusto Viana afirma:
“Para Cândido B. C. Neto, a poesia é, acima de tudo, um compromisso com a condição humana. Por isso mesmo, o que – a partir, evidentemente, de uma leitura apressada – poderia inscrever-se como regionalismo, deve, a rigor, ser apreendido tão-somente como pano de fundo, vez que visa, substancialmente, ao universal, principalmente concentrado na imensa legião dos que não foram convidados ao banquete industrial. [...] Atrela-se a tudo isso a dicção inflamada, em voz alta, como se estivesse o poeta em uma praça urbana ou num acampamento rural; e, por isso mesmo, as palavras procurassem suprir-lhe a ausência do corpo, representada, então, por interjeições, exclamações ou interrogações demasiadamente sugestivas.”

BC Neto Contatos e Saber Mais:
bcneto@globo.com
www.bcneto.com.br


2 comentários:

  1. BCneto, acompanho os seus trabalhos. Sou o poeta Cordelista Gerardo Pardal, presidentedo Cecordel, criado em 1987, quando só exitia a ABC da quela vc. era membro, junamente com FS Nascimento, Ribamar Lopes. Pra você ver: existmos há 28 e não gemos uma sede provisória. Na UECE não terá uma salinha para a gente se aninhar? (risos)

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  2. Aun sin la suerte de acompañar a B C Neto en esta, su nueva batalla, me es un placer saber de los resultados de sus árduas luchas... ya le he acompañado en varios de nuestros libros: Sociologia, Educação e Sociologia da Educação (publicado en 2014 en español en Ecuador, al igual que José Martí: cultivar os sentimentos, inicialmente publicado en español y portugués)y Educação Popular de Jovens e Adultos: o Brasil no contexto mundial (del cual fui prologuista).
    Conocer y trabajar con BC siempre es un privilegio. Mis congratulaciones, que aun atrasadas son del todo sinceras. Tu lo sabes amigo B. C!!!

    Justo Luis Pereda Rodríguez (PH. D)
    Profesor Investigador.
    Universidad Nacional de Educación (UNAE)
    Ecuador

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