sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

"Dois Filmes que Recomendo", por João Soares Neto


“Na vida real, a maioria dos atores de cinema é uma decepção.”
Marlene Dietrich, atriz.


Sou ‘cinemeiro’ inveterado. Na telona dos cinemas e na tevê do meu quarto. Nunca fiz curso de cinema, mas pertenci ao Clube de Cinema, na sede da Associação Cearense de Imprensa, ali na Floriano Peixoto com Perboyre e Silva. Darci Costa, meu professor de inglês no Ibeu, era o dirigente. Havia conversas e debates. Eu, muito jovem, ouvia. Curioso, comecei a fazer sofríveis resenhas de filmes aos 15 anos. Estão em diários que, qualquer dia, reencontrarei.
Depois, já adulto e consolidando a vida, resolvi montar, com dificuldade, os Cinemas Benfica. São quatro salas, bem equipadas e que seguem a grade das distribuidoras que mandam. Não há lucro para os cinemas. Os percentuais brutos para as distribuidoras são de 40%, 50% e 60%, dependendo dos critérios que elas mesmas impõem. Além disso, paga-se o ISS, os empregados, os altos custos de energia elétrica e o Ecad, entre outros. Há excessos de meias-entradas e gratuidades. Quando um projetor para, temos de chamar técnicos do Rio ou São Paulo, por avião, remuneração e diárias. É duro.
Por outro lado, já ajudei na produção de alguns curtas, mas nada de tão significativo. Deixo um recado aqui: pretendo fazer, em breve, uma exibição de curtas cearenses. Quem quiser participar, logo anunciaremos e os interessados poderão entrar em contato conosco.
Na verdade, este artigo, além do nariz de cera explicativo, é para dizer de dois filmes que vi recentemente. O primeiro, em reprise. Não me arrependi.
Trata-se de “Gênio Indomável”, de 1997, direção de Gus Van Saint. O então jovem ator Matt Damon, no papel de Will Hunting, membro de turma encrenqueira e sem futuro, descobre-se gênio ao resolver problema de alta matemática, exposto em lousa em corredor do Massachusetts Institute of Technology- MIT. Will era simples prestador de serviços na área de limpeza. O filme vai em crescendo do qual fazem parte Robin Williams, como um psiquiatra viúvo e desencantado, e Stellan Skarsgärd, como notável professor de matemática, detentor do prêmio Fields, uma espécie de Oscar da área.
Não vou dar detalhes, mas me chamou atenção o desencanto de Robin Williams que, na vida real, se concretizou. No geral, o filme mostra que alguém superdotado pode, sem fazer esforço, se destacar e achar isso natural. Há outro fato, esse no campo afetivo. O encontro do rapaz pobre, encrenqueiro e superdotado com uma herdeira rica e preparada estudante da Harvard University. O filme vale à pena.
O outro filme é de 2011. “Intocáveis” é francês. Nada a ver com o seu homônimo americano, com Robert de Niro. É filme sério-alegre, realizado por Olivier Nakache, que também produz o argumento. Embora seja comédia dramática consegue, de forma alegre, mostrar a relação crescente entre um irreverente e improvisado “cuidador senegalês” (Osmar Sy) e um rico e sofisticado tetraplégico francês, interpretado por François Cluzet. Mesmo sendo feito em 2011, deixa claro os guetos em que os imigrantes pobres vivem. Esse fato, além do Estado Islâmico, estão na raiz dos ataques ao semanário Charlie Hebdo e, posteriormente, nos atentados em Paris. Chama a atenção que o filme seja baseado em fatos reais, contado em livro por Philippe Pozzo di Borgo. Foi o filme francês mais rentável em bilheteria e recebeu muitas premiações.
Com estas duas indicações, renovo a esperança de que o polo de cinema do Ceará ultrapasse, não por rivalidade, mas por conteúdo, o já consolidado em Pernambuco.

          

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