domingo, 10 de abril de 2016

"Ad Verso", de Raymundo Netto para o AlmanaCULTURA


Esqueço-me entrestrelas que temem a escuridão
Permanentes, incendiadas
No alto da virgem solidão
A curtir na minha pele o esmigalhar de infinitos.
Em seus ritos, despejam os dias cinzentos,
como nos ventos a carrear as tristezas,
As amarguezas,
As palavras a me virem secas como gretas em meu chão.
Nunca de o amor chegar à hora marcada
Nunca de o desejo minar exposto
Nunca de o sorriso brilhar o rosto

Morro, morro, morto.

E, após a morte, renasço na sorte tão igual em minha diferença,
Em minha crença, em meus sonhos doentes,
Nas tardes de meus dias, tais quais manhãs sonolentes.
Recebo a noite dum silêncio antecedo a escorrer no telhado
Do seu céu a me chegar num arremedo tão azul quanto o pejo estrelado.

Face, doce, beijo, molhado.


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