quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O que o editor pensa de você, autor criativo?


Um editor, após uma temporada de análise de originais.

Trechos de cartas de editores recusando originais:
Editor Insensível
Escute, meu senhor,
Não sei se alguém o encorajou a escrever, mas uma coisa é certa: essa pessoa perdeu uma boa oportunidade de ficar calada. Você escreve tão mal que não resisti à tentação de ler alguns trechos em voz alta para os colegas da editora. Nós nos mijamos de rir.
Editor sem rodeios
Senhor,
Para dizer as coisas com clareza e sem rodeios, após a leitura de algumas páginas de seu manuscrito, chegamos à conclusão de que nunca, jamais, em tempo algum, o publicaremos.
Solicitamos a gentileza de não incomodar no futuro os integrantes de nossa equipe de leitura com outras remessas de mesmo teor.
Editor incomodado
Em trinta e cinco anos de trabalho no ramo editorial, nunca me deparei com um manuscrito como o seu. Como ousa chamar isso de romance?! Meu senhor, posso garantir duas coisas: o senhor não é um escritor e o senhor precisa de ajuda.
Essa porcaria que nos enviou nos chocou profundamente. Nossa casa editorial é modesta, sem dúvida, mas isso não lhe concede o direito de nos afligir com tão indigesta salada mista de frutas podres.
Editor desalentado
Senhor,
Estou farto! Acabou! Cheguei ao limite. Trinta e dois anos seguidos lendo manuscritos ruins, histórias tediosas escritas por gente sem talento. E pensar que eu tinha a ilusão de que a profissão de editor fosse me fazer conhecer pessoas maravilhosas e, ao mesmo tempo, me propiciar a descoberta de grandes escritores. Como fui tolo! É preciso ser realmente muito ingênuo.
Editor enojado
Senhor,

Essa imundície defecada pelo seu cérebro em mais de trezentas horrendas páginas está emporcalhando minha mesa de trabalho. Fiquei enojado com essa obra fedorenta e pavorosa que o senhor ousou qualificar de romance. Essa bosta gosmenta que o senhor confunde com a verdadeira literatura me causou grave mal-estar e me deixou com ânsia de vômito.
Novato e rabugento
Mas o que vem a ser isso? Será que é possível? Toda semana é a mesma ladainha: estou tranquilo em meu canto, cuidando das minhas tarefas e um desgraçado me aparece para jogar meia dúzia de manuscritos sobre a mesa dizendo: "Senhor Paul, o senhor poderia ler tudo isso e nos apresentar um relatório detalhado na segunda-feira?" Eles vão ver que tipo de relatório eu vou fazer!

Trechos da obra A arte de recusar um original, do canadense Camilien Roy (Rocco), que reúne dezenas de modelos de cartas de recusa.


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