segunda-feira, 13 de novembro de 2017

"Abra as Páginas e Voe...: I Feira do Livro em Sobral" - Relato


Estive em Sobral, a convite da equipe organizadora da sua 1ª Feira do Livro: Mendes Jr (contista, autor de O Engraxate e Outros Suicidas), Margarida Melo e Yves Gurgel.
A primeira reunião com a Margarida e o Yves, momento em que os conheci, deu-se na casa de Socorro Acioli, também convidada da Feira, assim como também o seria a Ana Miranda, entre outros, mais tarde.
A ação, a primeira do gênero e que tomou 3 dias do Centro de Convenções, para minha surpresa, surgiu a partir da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Econômico, e não da Cultura, ou mesmo da Educação, como usualmente se espera quando se trata de administração pública, embora essas secretarias tenham sido mencionadas e assinassem como parceiras.
A Feira teve início no dia 7 de novembro e trouxe, como “isca”, uma atração midiática, o quadrinista e empresário Maurício de Sousa, cujas revistas servem, serviram e servirão durante muito tempo como porta de entrada para muitos candidatos a leitores não apenas brasileiros (até há pouco, a Turma da Mônica Jovem era a revista em quadrinhos mais vendida na China).
A programação contou com lançamentos, bate-papos, contação de histórias, oficinas, saraus, mesas-redondas, apresentações musicais, mesas de RPG, estandes de vendas de livros e de exposição, que inclusive acolheram o Grupo Literário Pescaria, que tem à frente o poeta, ator e produtor cultural Mailson Furtado, a Associação Cearense de Escritores, contando com a participação de Silas Falcão, Nice Arruda, Lucirene Façanha, Cícero Almeida e outros, como o poeta Lucarocas, o cantador Geraldo Amâncio, o aboiador Chico Neto etc. A Câmara Cearense do Livro (de editoras associadas), a Editora Imeph, as Edições UVA, assim como a Livraria Pensar (me parece ser a única livraria da cidade) e a Wizard (realizou oficina gratuita de línguas estrangeiras) também tinham seus estandes ativos durante os 3 dias.
Indispensável a presença da equipe da Biblioteca Municipal Lustosa da Costa, parceira valorosa de qualquer ação que se refira a livros e à leitura na região. A amiga Aninha Linhares, como sempre, estava entusiasmada com as atividades.
Lá, além de passear pelos estandes e conversar com mais folga com amigos – o que me faz uma falta danada (conheci pessoalmente o poeta Inocêncio Melo e, apresentada pela Marília Lovatel, a professora Kátia Cavalcante)– assisti aos gostosos bate-papos com a Socorro Acioli e Ana Miranda, esta mediada por Mendes Jr (contagiantemente emocionado e apaixonado pelo trabalho desenvolvido), e aos lançamentos de livros de Renato Pessoa (O Homem do Último Dia do Mundo), Célia de Oliveira (Recôndito das Pérolas), Marília Lovatel (Sob o Sol de Sobral), além do enésimo lançamento da coletânea Para Belchior com Amor, organizada por Ricardo Kelmer, que contou com a presença do poeta e contista Joan Edesson e o prof. Vicente Jr.
O audiovisual teve espaço com programação específica, coordenada pela Ryo Produções, que apresentou, entre os convidados, o quadrinista Zé Wellington e a sua oficina de Storytelling. Lá, também apresentado o documentário “A História das HQs no Ceará”, da Fundação Demócrito Rocha. Assim, também nos era possível ver a miniexposição “Afetografia: escrevendo Sobral com luz”.
Cabe-nos mencionar as iniciativas de campanha de esquecimento de livros pelos espaços públicos da cidade e as atividades preparatórias à ação, como oficinas, debates, contação de histórias etc., que aconteceram em espaço reservado no North Shopping Sobral. Uma espécie de “Feira fora da Feira”, em analogia à proposta da “Bienal fora da Bienal”, que acontece em algumas edições em Fortaleza. Aliás, seria muito interessante que essas ações perdurassem, como intervenções em shoppings, praças, escolas e faculdades, independentemente de se ter a promoção de uma ação “macro”.
Entre as minhas lembranças da Feira, participei de um despretensioso e largo bate-papo itinerante Fortaleza-Sobral/Sobral-Fortaleza com a escritora Ana Miranda, cujo única plateia era Pedro Linhares, motorista-leitor, a quem não poderia deixar de ofertar um livro. Assim, como o fiz com a historiadora Vânia e a professora Cássia Sá, jovens leitoras que tive o prazer de conhecer em Sobral.
Espero realmente que cada vez mais os municípios do país, cada um deles, criem seu momento de difusão do livro, enquanto instrumento de desenvolvimento pelo gosto pela leitura, por crer na sua prática como elemento indispensável para a transformação social.
A Feira, a primeira edição, como todo empreendimento, mesmo os já estabelecidos em nosso calendário cultural, carece de atenções e ajustes, de estruturação e planejamento contínuos de estratégias eficientes, além do envolvimento de agentes das cadeias criativas, produtivas do livro e mediadores de leitura, coisa que a própria evolução e essa cultura exigem (quem é realmente do meio sabe o quanto iniciativas como essas têm de ser valorizadas e apoiadas). Nada que envolva o universo cultural sobrevive sem diálogo e sem engajamento desses agentes, pois somos, ao final, um só corpo, mesmo quando alguns optem em tornar-se sequestro, sonharem-se vaga-lumes, ou finjam que não é com eles, quase em autofagia, atrasando o florescente futuro leitor e humano que todos esperamos e ansiamos em nosso país.


2 comentários:

  1. Para quem perdeu encontra aqui um retrato (em palavras) da Primeira Feira do Livro de Sobral.

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